O Maranhense Antônio Gonçalves Dias (1823-1864) patrono da cadeira 15 da Academia Brasileira de Letras, foi um um poeta, advogado, jornalista, etnógrafo e teatrólogo brasileiro. Um dos fundadores do romantismo brasileiro e da tradição literária conhecida como "indianismo"

É famoso por ter escrito o poema "Canção do Exílio" de 1843, que viriam a dar-lhe o título de poeta nacional do Brasil. 

O Poema foi escrito quando o autor se encontrava em Coimbra e ressalta o patriotismo e o saudosismo em relação à sua terra natal, é um dos mais emblemáticos poemas da fase inicial do romantismo.

Em 1909, dois trechos do poema de Dias inspiraram a letra do Hino Nacional Brasileiro, escrita por Joaquim Osório Duque-Estrada.

No poema de 1843:

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
(Gonçalves Dias)

Observe que no Hino Nacional, os versos:

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores:
“Nossos bosques têm mais vida”
“Nossa vida”, no teu seio, “mais amores.”
remetem, de modo flagrante, ao poema de Gonçalves Dias.

A inclusão do poema Canção do Exílio no nosso Hino vem comprovar o quanto foi receptiva e popular a obra do poeta Gonçalves Dias que também foi autor do curto poema épico I-Juca-Pirama e muitos outros poemas nacionalistas e patrióticos.

Em 1849, foi nomeado professor de Latim e História do Colégio Pedro II e fundou a revista Guanabara, com Macedo e Porto-Alegre. Em 1851, publicou os Últimos cantos, encerrando a fase mais importante de sua poesia.

A obra indianista está contida nas “Poesias americanas” dos Primeiros cantos, nos Segundos cantos e Últimos cantos, sobretudo nos poemas “Marabá”, “Leito de folhas verdes”, “Canto do piaga”, “Canto do tamoio”, “Canto do guerreiro” e “I-juca-pirama”, este talvez o ponto mais alto de sua obra e de toda a poesia indianista

Nomeado para a Secretaria dos Negócios Estrangeiros, permaneceu na Europa de 1854 a 1858, em missão oficial de estudos e pesquisa. Em 1856, viajou para a Alemanha e, na passagem por Leipzig, em 1857, o livreiro-editor Brockhaus editou os Cantos, os primeiros quatro cantos de Os Timbiras, compostos dez anos antes, e o Dicionário da língua Tupi. Voltou ao Brasil e, em 1861 e 1862, viajou pelo Norte, pelos rios Madeira e Negro, como membro da Comissão Científica de Exploração. Voltou ao Rio de Janeiro em 1862, seguindo logo para a Europa, em tratamento de saúde, bastante abalada, e buscando estações de cura em várias cidades européias. 

Em 25 de outubro de 1863, após não encontrar o êxito da cura, embarcou para Lisboa, onde concluiu a tradução de A noiva de Messina, de Schiller. Voltando à Paris, tentou uma última cartada em sua busca por cura em terras européias, passando em estações em Aix-les-Bains, Allevard e Ems.

Em 10 de setembro de 1864, o destino era o Brasil, onde embarcou no navio Ville de Boulogne, mas este naufragou na costa do Maranhão, tendo o poeta, que já se encontrava agonizante pela doença, falecido em seu camarote, sendo registrado como a única vítima do naufrágio, o poeta partiu aos 41 anos de idade.